Mesmo em convalescença, o Papa Francisco não deixou de enviar o texto para a Audiência Geral desta quarta-feira, 16 de abril. O texto preparado para a ocasião foi divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé e marca o início de uma nova fase nas catequeses neste Ano Santo da Esperança, sob o tema “Jesus Cristo, nossa esperança”. A partir de agora, o foco volta-se para as parábolas de Jesus — ensinamentos que, segundo o Pontífice, “tocam também a nossa vida e provocam-no
Para abrir esse novo ciclo, o Papa escolheu refletir sobre a parábola do Filho Pródigo (cf. Lc 15, 1-3.11-32), convidando os fiéis a se colocarem dentro da narrativa. “Onde estou eu nesta história?”, propõe Francisco, incentivando um olhar pessoal diante da mensagem de reconciliação e esperança.
Presente mas ao mesmo tempo ausente
Ao comentar a conhecida imagem de Rembrandt, que retrata o retorno do filho, o Papa destaca dois símbolos: a cabeça raspada, sinal de penitência e renascimento, e as mãos do pai — uma masculina, outra feminina — que representam a força e a ternura do perdão.
Mas Francisco vai além e convida à reflexão sobre o filho mais velho, que, mesmo permanecendo na casa do pai, mostra-se distante de seu coração. “É precisamente o filho mais velho que corre o risco de permanecer fora de casa, pois não partilha da alegria do pai”, observa o Papa.
Para Francisco, o pai da parábola — imagem do próprio Deus — não força, não impõe. Ele simplesmente convida, espera e deixa a porta aberta. “Com efeito, esta é a razão da esperança: podemos esperar, pois sabemos que o Pai nos espera, nos vê de longe e deixa sempre a porta aberta”, afirma.
A catequese também tocou na dimensão da liberdade humana e na busca por sentido e afeto. O Papa adverte sobre os riscos de um amor mal compreendido, guiado por egoísmo ou falsas promessas. “O amor é sempre um compromisso, há sempre algo que devemos perder para ir ao encontro do outro”, destaca, apontando que a maturidade dos relacionamentos — com o próximo e com Deus — exige entrega verdadeira.
Ao final da reflexão, Francisco deixa um convite orante aos fiéis:
“Amados irmãos e irmãs, perguntemo-nos então onde nos encontramos nesta maravilhosa narração. E peçamos a Deus Pai a graça de poder, também nós, encontrar o caminho de volta para casa.”