De Belém do Pará a Brasília, de Curitiba a Salvador, a morte do Papa Francisco ressoou como mais do que o fim de um pontificado: foi a despedida de um pastor que tocou profundamente corações e consciências. Em meio ao luto vivido pela Igreja, quatro leigos ligados à Comunidade de Vida Cristã (CVX) e à Rede Inaciana de Juventude (MAGIS Brasil) compartilharam seus testemunhos sobre o impacto de Francisco em suas vidas e nas comunidades às quais pertencem.
Um papa que caminhou com o povo
Emiliana Monteiro, do MAGIS Norte, em Belém do Pará, recorda com gratidão a transformação que Francisco provocou em sua maneira de viver a fé:
“Ele resgatou o sentido de ser Igreja e de ser uma Igreja viva, que vai ao encontro do povo, que sente as dores do mundo e responde com amor e coragem. Me ensinou que a fé é revolucionária, cheia de amor, justiça e compromisso.”
Já para Antônio Carlos Peixoto, da CVX, o maior legado do primeiro Papa Jesuíta foi ajudar a redescobrir a Igreja como um povo a caminho, sinodal, no seguimento do Cristo encarnado no mundo.
O olhar que acolhe
Alan Gloss, do MAGIS Brasil, na região centro-oeste do país, destaca a coragem do Papa em ir ao encontro de quem era ignorado:
“Sua primeira viagem fora de Roma foi para encontrar refugiados. Depois, indígenas, mulheres, pessoas LGBTQIA+. Ele olhava aqueles que ninguém via. Me ensinou a olhar o mundo com misericórdia.”
Para ele, Francisco plantou um jeito de viver a fé baseado no encontro e na ousadia.
A proximidade como marca
Paola Menegotto, da CVX em Curitiba, fala da força espiritual que o Papa transmitia em cada gesto:
“Ele aproximou as lideranças da base. Nas cartas, homilias, gestos, ele se fazia próximo de nós. E sua vivência inaciana me tocava profundamente, como se falasse com o coração.”
A notícia de sua morte trouxe tristeza e luto, mas também uma profunda gratidão:
“Foi como perder alguém da família. Mas o legado é de coragem e ousadia para tratar temas difíceis e mostrar que a Igreja é feita por seres humanos que precisam de conversão.”
Uma herança para a juventude
Emiliana que também é secretária executiva da Rede de Juventudes destaca que Francisco confiou nos jovens e isso gerou frutos:
“Ele dizia: a juventude pode fazer barulho sim! E nos encorajava a sonhar mais alto, sem medo de incomodar. Ele apontou para a missão da Igreja com os últimos, com os que ninguém olha.”
Gloss recorda três momentos-chave: a JMJ do Rio (2013), o “bote fé na vida”; em Lisboa (2023), o “a Igreja é para todos, todos, todos”; e a insistência em olhar os outros “de igual para igual”, nunca de cima pra baixo — a não ser para ajudar a levantar.
Um legado plantado em muitos corações
As falas revelam mais do que tristeza: revelam uma Igreja que escuta, que se deixa tocar, que age. Francisco, profundamente marcado pela espiritualidade inaciana, foi alguém que fez do discernimento e da escuta do Espírito uma prática cotidiana — e ensinou o povo de Deus a fazer o mesmo.
Hoje, seus frutos continuam a nascer: nos grupos de base, nas juventudes, nas comunidades CVX, na ousadia de falar de justiça e misericórdia, no compromisso com os pobres e esquecidos. Para muitos, ele não foi apenas um papa, mas uma presença que se tornou missão.
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