O Papa Leão XIV recebeu, nesta sexta-feira (30), cerca de 300 representantes de movimentos populares e organizações que integram a Arena da Paz, iniciativa nascida em Verona e apoiada pela diocese local, a Fundação Nigrizia, os combonianos, o jornal Avvenire e a revista Aggiornamenti Sociali.
Entre os presentes estavam o israelense Maoz Inon, que perdeu os pais em um ataque do Hamas, e o palestino Aziz Sarah, cujo irmão foi morto pelo exército israelense. Eles se tornaram amigos e, há um ano, protagonizaram um abraço histórico na presença do Papa, diante de 12 mil pessoas, como sinal concreto de reconciliação e esperança.
Paz não é ideia abstrata, mas compromisso real
No discurso, Leão XIV retomou a perspectiva que já inspirou seu antecessor Francisco: a paz começa na escuta das vítimas e na escolha da não violência como caminho.
— “Querer a paz implica criar instituições de paz. A não violência como método e como estilo deve caracterizar nossas decisões, nossas relações, nossas ações”, afirmou o Pontífice.
Ele recordou que a paz não é algo passivo, mas um dinamismo que transforma consciências e estruturas. A verdadeira paz nasce dos territórios, das comunidades e das relações locais — e se constrói reconhecendo, assumindo e superando as diferenças.
Cultura da paz exige processos, não imediatismos
O Papa alertou que vivemos em uma sociedade marcada pela velocidade e pelo imediatismo, enquanto a paz se constrói em processos longos, pacientes e sustentáveis.
— “Há muita violência no mundo, nas nossas sociedades, nas nossas relações. Por isso, a cultura da paz precisa de experiências que eduquem para a vida, para o diálogo e para o respeito mútuo”, destacou.
O “nós” precisa ser institucional
Leão XIV fez um chamado direto às instituições políticas, econômicas, educativas e sociais para que assumam a construção da cultura da paz como missão concreta.
Inspirado na encíclica Fratelli tutti, o Papa reforçou que o “nós” não pode ficar restrito aos discursos:
— “O ‘nós’ precisa se traduzir em nível institucional, gerar políticas públicas, práticas econômicas justas e sistemas educativos orientados para o bem comum”, afirmou.
Diversidade que constrói: um mosaico de paz
O encontro no Vaticano reuniu organizações que atuam na linha de frente pela justiça social, pelos direitos humanos e pela cultura da paz.
Ao final, o Papa encorajou todos a serem “fermento na massa da história”, cultivando unidade, comunhão e fraternidade, com a certeza de que “a fraternidade é possível graças ao amor de Deus”.