A Igreja de Curitiba viveu um momento histórico no sábado (13) ao sediar o maior Dia Nacional da Juventude (DNJ) do Brasil em 2025. Reunindo cerca de 14 mil jovens no câmpus da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o evento se tornou um símbolo de esperança no Ano Jubilar convocado pelo Papa Francisco, expressando vitalidade, comunhão e a pluralidade das juventudes católicas.
Desde cedo, o espaço universitário foi tomado por jovens de diferentes paróquias, movimentos e comunidades. O dia foi marcado por música, teatro, dança, momentos de oração, feira vocacional, espaço geek, além de atividades culturais e missionárias que evidenciaram a criatividade e a ousadia dos jovens na evangelização. Mais de 300 voluntários trabalharam na organização.
O tema escolhido para esta edição “Chamados à Eternidade” inspirou-se em uma pregação de Pe. Léo, reconhecido pregador brasileiro, e foi fruto de escuta com grupos juvenis da Arquidiocese.
Para Pe. Clayton Munhoz, referencial do Setor Juventude, a frase traduz a vocação universal a que cada pessoa é chamada e o papel especial dos jovens na construção do Reino de Deus.
“Quando o jovem entende a promessa de Deus para sua vida, quando descobre sua vocação, ele se torna imparável. O jovem é hoje o testemunho vivo da esperança. Ele não é apenas o futuro da Igreja: ele é o presente, o agora ousado e criativo de Deus”, afirmou.
“Este DNJ foi sonhado, planejado e realizado pelos jovens, para os jovens e com os jovens. Queremos que esse encontro se torne um sinal para a juventude do Brasil inteiro: a Igreja precisa deles e eles têm um lugar essencial na missão”, completou.

Mais de 14 mil jovens particiciparam do evento que teve o seu máximo, na Santa Missa/foto: Ronnaldh Oliveira
Um salto histórico na participação
O crescimento do DNJ em Curitiba nos últimos anos foi notável, mas, segundo Dom José Antonio Peruzzo, arcebispo metropolitano de Curitiba, o número de jovens superou todas as expectativas.
“Nos últimos anos vínhamos crescendo: três mil, depois quatro mil e quinhentos, seis mil... Agora saltamos para quatorze mil. É uma grande surpresa, confesso que fiquei comovido”, relatou emocionado.
“Este número fala por si. Ele nos diz que os jovens estão pedindo: ‘ajudem-nos a seguir Jesus Cristo’. Cabe a nós ouvi-los, acompanhá-los, oferecer caminhos e uma linguagem que dialogue com eles, sem perder a identidade da Igreja”, explicou.
Para o arcebispo, o crescimento não é apenas quantitativo, mas qualitativo.
“O carinho do Papa Francisco pela juventude, a canonização de Carlo Acutis, e tantos outros jovens em processo de beatificação mostram que a santidade é possível. Não precisamos ser ‘beatos’, mas precisamos ser amigos de Jesus Cristo. O restante é obra do Espírito Santo”, destacou.
Ao final, Dom Peruzzo expressou também um desafio pastoral:
“Confesso que sinto até um certo medo, porque precisamos agora encontrar formas concretas de estar ao lado desses jovens. Esse evento é um pedido de ajuda para que eles possam camihar firmes na fé”, afirmou.
Juventude no mundo digital
Durante a homilia, Dom Peruzzo dedicou atenção especial ao desafio da evangelização no ambiente digital, um tema que o Papa Francisco ressaltou tantas veze nos últimos anos e Papa Leão XIV continuou.
“O mundo digital pode ser um caminho para Deus ou para o inimigo de Deus. É preciso discernimento. Nós, como Igreja, temos o dever de ajudar os jovens a usarem as redes sociais para construir comunhão, espalhar o bem e anunciar o Evangelho”, disse.
“Os jovens influenciadores e missionários digitais têm uma responsabilidade enorme. Que façam suas apostas em favor do Reino”, acrescentou

Jovens ligados à espiritualidade inaciana participam do maior DNJ do país/foto: Luiz Felipe da Silva
Diversidade de carismas e espiritualidades
O DNJ de Curitiba também foi um espaço de encontro entre diferentes carismas e espiritualidades. No Espaço MAGIS, inspirado na espiritualidade inaciana, mais de 500 jovens participaram de momentos de meditação e interiorização.
Segundo Luiz Felipe da Silva, jovem do MAGIS Curitiba e integrante da Pastoral do Colégio Medianeira, o espaço foi pensado para aqueles que ainda estão em busca de sua vocação.
“Muitos jovens ainda não se encontraram em um grupo ou carisma. O MAGIS foi um convite para conhecer a espiritualidade inaciana e descobrir que a Igreja tem lugar para todos”, explicou.
“É um momento de silêncio em meio a um evento tão grande, para olhar para dentro de si, discernir e perceber que Deus tem um caminho único para cada um”, completou.
Essa diversidade, segundo ele, reflete a riqueza da própria Igreja:
“É uma Igreja plural, onde diferentes expressões caminham juntas. O DNJ mostra que todos podem colaborar nessa grande missão evangelizadora”, disse.
A jovem Bruna Eduarda Barbosa de Sousa compartilhou sua experiência pessoal, emocionada ao ver tantos jovens reunidos:
“A Igreja é jovem e viva. Aqui percebemos que, independente do estilo ou do gosto, há espaço para todo mundo. Isso fortalece a fé e renova a esperança”, afirmou.

Comunidade Shalom aproveita o evento para divulgar seu Retiro de jovens que ocorrerá em Outubro na Capital do Paraná/Foto: Ronnaldh Oliveira
Comunhão com a Igreja local
A Comunidade Shalom marcou presença de forma ativa no DNJ, atuando em várias frentes, do estande vocacional ao palco principal.
Monalisa Maria da Rocha, missionária, ressaltou que essa participação expressa a comunhão da comunidade com a Igreja local.
“Celebrar 25 anos da missão de Curitiba neste DNJ é muito significativo. A Comunidade Shalom quer estar onde a Igreja mais precisa, servindo onde Deus nos chama”, afirmou.
Além do DNJ, Monalisa revelou que Curitiba receberá, ainda este ano, um evento inédito: o Congresso de Jovens Shalom, que reunirá participantes de diferentes regiões do Brasil, além de jovens dos Estados Unidos e Paraguai.
“É um presente para a nossa missão. O DNJ é um grande marco, mas a nossa caminhada continua. O que vivemos aqui hoje nos prepara para seguir anunciando Cristo aos jovens”, disse.

Foto: comunicação DNJ Curitiba
Uma Igreja com rosto jovem
O evento foi encerrado com a celebração da Santa Missa, reunindo todas as expressões presentes ao longo do dia.
Para os organizadores, voluntários e participantes, o DNJ 2025 confirmou o que o Papa Francisco tem repetido em suas mensagens aos jovens: “Vocês são o agora de Deus.”
“Este encontro mostra que a juventude tem o rosto de Deus. Quando olhamos para esses 14 mil jovens, vemos a esperança viva da Igreja”, resumiu Monalisa.
Ao deixar o câmpus, os jovens carregavam não apenas lembranças de um dia festivo, mas também o compromisso de continuar a missão em suas comunidades.
Em Curitiba, ficou o desafio para a Igreja de seguir acompanhando, inspirando e ouvindo a voz da juventude, um chamado que se estende para todo o Brasil.