O mês de agosto, na Igreja do Brasil, é tradicionalmente dedicado às vocações e, no cenário internacional, também inspira um olhar especial para as juventudes. Nesse contexto, o jesuíta mexicano Pe. Hernán Quezada, residente no Peru, lembra que a Companhia de Jesus tem uma ligação profunda com o mundo universitário e com a realidade juvenil.
“A Companhia de Jesus nasce em um ambiente de jovens universitários, mas também é constituída por um grupo de jovens universitários. A visão universitária sempre marcou nosso modo de ser e nossos interesses. Hoje buscamos, de muitos modos criativos, estar ao lado dos jovens universitários em toda a Companhia, em todos os espaços onde ela está”, afirmou.
O presente e a força dos Exercícios Espirituais
Ao falar sobre o que os jesuítas têm a oferecer às juventudes, Pe. Hernán é enfático:
“Estamos convencidos de que o mais valioso que podemos oferecer aos jovens hoje são os Exercícios Espirituais. Nessa experiência de silêncio, trata-se de que o jovem possa se perguntar, parar e encontrar o que lhe falta, o que precisa: saber quem é, saber o que quer, saber para onde vai e para quê. É encontrar-se com o mais profundo, aquilo que chamamos de vocação”.
Ele acrescenta que, em todo o mundo, a Companhia de Jesus procura criar espaços e oportunidades para que os jovens vivam essa experiência transformadora.
Novos tempos, novos modos de acompanhar
Sobre as iniciativas concretas para fortalecer a presença junto às juventudes, Pe. Hernán reconhece que os tempos mudaram e que é preciso encontrar novas formas de caminhar ao lado dos jovens:
“Os modos bem-sucedidos como fazíamos antes já não funcionam. Todas as mudanças que a sociedade teve, e nas quais os jovens estão imersos, exigem de nós agilidade e capacidade para escutar a Deus e, sobretudo, para escutar os jovens. Temos uma grande tarefa. Aqui no Brasil, um projeto como o MAGIS tem tantos anos de serviço e motivação, mas seguimos precisando encontrar mais caminhos”.
Mundo digital: presença que acompanha e escuta
A cultura digital é hoje um dos principais ambientes de convivência e expressão das juventudes. Para Pe. Hernán, trata-se de um território que exige presença qualificada e coerente com a missão jesuíta.
“Temos uma tarefa enorme para habitar este mundo digital, que é onde as juventudes estão se relacionando e onde estão presentes. Como chegar lá? Não se trata apenas de entreter ou de ganhar popularidade, mas de realmente estar, fazer presença, acompanhar e escutar. Talvez eu sintetizaria que esse é o nosso maior desafio neste momento: escutar o que os jovens dizem e estar prontos para fazer o que podemos, sendo muito fiéis à nossa Preferência Apostólica Universal. Acompanhar os jovens não é guiá-los, não é dizer-lhes o que fazer ou dirigir, mas caminhar com eles na construção do futuro esperançador em que já estão imersos — e aí, com eles, convidar e convocar outros jovens.”

Foto: Arquivo pessoal
Juventude e cuidado da Casa Comum
Ao tratar do tema da ecologia integral e do cuidado da Casa Comum, Pe. Hernán compartilha uma experiência de sua missão também como delegado para a formação dos jesuítas:
“Descobri que a pergunta não era para mim, mas uma pergunta com eles. Os jovens em formação são os que mais sabem, os que têm mais sensibilidade e os que mais criatividade podem desenvolver nessa temática do cuidado da Casa Comum. O que podemos oferecer hoje é escutá-los e caminhar com eles na construção desse futuro esperançador, como diz a nossa Preferência Apostólica Universal, para juntos criar estratégias e caminhos para o cuidado de nossa Casa Comum, que é uma grande emergência neste tempo”.