Reitor da Unisinos sobre Papa: ele reforçou a vocação humanista da educação
Em entrevista à Rádio Amar e Servir, Pe. Sergio Mariucci, reitor da Unisinos, reflete sobre o legado educativo do Papa e sua ressonância na missão da Companhia de Jesus no Brasil
Por Redação Rádio Amar e Servir
Publicado em 24/04/2025 22:28 • Atualizado 25/04/2025 16:03
Papa
Padre Sérgio Mariucci, SJ, reitor da Universidade do Vale dos Sinos/ Foto: Comunicação UNISINOS

“A provocação do Papa Francisco com o Pacto Educativo Global é também uma confirmação daquilo que nós sempre fizemos: formar a pessoa toda e comprometer-se com a justiça socioambiental.” A afirmação é do padre jesuíta Sergio Mariucci, reitor da Unisinos e secretário para a frente apostólica de educação da Província dos Jesuítas no Brasil. Em entrevista à Rádio Amar e Servir, ele refletiu sobre o legado do Papa Francisco à educação e como sua visão segue inspirando a missão da Companhia de Jesus no país.

Lançado em 2019, o Pacto Educativo Global proposto pelo Papa Francisco é um apelo para que a educação seja instrumento de transformação e esperança em escala planetária. “Francisco lançou esse pacto para todos, não apenas para escolas católicas ou jesuítas. Ele reforça a vocação humanista da educação e sua força como semente de esperança”, afirmou o jesuíta.

Papa Francisco e Paulo Freire

Pe. Sergio destacou ainda a afinidade entre a proposta de Francisco e o legado de Paulo Freire no Brasil: “Toda a pedagogia freireana nos aproxima muito da proposta do Papa: educar para a autonomia, para a cidadania, para a esperança”.

Segundo ele, a atuação das instituições jesuítas no campo educacional tem buscado unir qualidade com equidade. “Trabalhar só a qualidade para os mais privilegiados cristaliza as camadas sociais. Mas quando aliamos qualidade com equidade, a educação torna-se de fato um instrumento de mobilidade social e de desenvolvimento integral do país.”

Padre Sérgio Mariucci, SJ na celebração Eucarística em memória do Papa Francisco/Foto: UNISINOS

 

"É um trabalho de formiguinha"

O reitor da Unisinos também falou sobre os desafios e possibilidades da atuação educacional da Companhia de Jesus em um país continental como o Brasil: “É um trabalho de formiguinha. Nas universidades, conseguimos atuar junto às secretarias de educação, conselhos regionais, coordenadorias. Mas é preciso insistir sempre na formação integral”.

Ao comentar a relação do Papa com a juventude, Pe. Sergio destacou a coerência com a missão educativa da Companhia: “Francisco insistiu para que os jovens assumam seu protagonismo. Isso ressoa fortemente conosco. A espiritualidade que oferecemos ajuda a formar jovens críticos, criativos e responsáveis — capazes de liderar uma Igreja em saída”.

Ele citou experiências como o MAGIS, programas de espiritualidade e o engajamento juvenil nas escolas e universidades como caminhos concretos de resposta a esse chamado.

O Papa na Pandemia do COVID-19

Em tom mais pessoal, o educador recordou com emoção um dos momentos mais simbólicos do pontificado: “Aquela imagem do Papa sozinho na Praça de São Pedro durante a pandemia, rezando pelas dores da humanidade, nunca saiu da minha mente. Sobretudo num tempo em que aqui no Brasil enfrentávamos, além da pandemia, a negação da vacina.”

Pe. Sergio também destacou o gesto do Papa ao se vacinar: “Um gesto singelo e óbvio, mas de enorme profundidade. Mostra sua humanidade, sua fragilidade e sua lucidez. É um exemplo de diálogo com a ciência e com a cultura. Um gesto que ainda hoje nos fala de esperança.”

 

Ouça a entrevista completa com o Pe. Sergio Mariucci no especial da Rádio Amar e Servir. Acesse agora mesmo!

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