'Em Diálogo' reflete ECA 35 anos: "jovem adulto" desafia sistemas enraizados e inspira esperança ativa
Em programa especial da Rádio Amar e Servir, especialistas discutem os avanços, desafios e esperanças na vida das crianças e adolescentes à luz do Estatuto da Criança e do Adolescente, promulgado em 1990
Por Redação Rádio Amar e Servir
Publicado em 24/07/2025 09:31 • Atualizado 24/07/2025 09:33
Justiça Socioambiental
Participantes da Edição/foto: reprodução Youtube

O programa Em Diálogo, da Rádio Amar e Servir, dedicou uma edição especial aos 35 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), discutindo sua importância, os desafios que ainda persistem e as esperanças que mobilizam educadores, gestores públicos e a sociedade civil. Com mediação de Alan Gloss, candidato à Companhia de Jesus e atuante na defesa dos direitos de migrantes e refugiados, o programa recebeu duas especialistas com longa trajetória na garantia dos direitos da infância e adolescência.

Vanessa Andréa, pedagoga com especializações em educação social e gestão do SUAS, destacou a força simbólica e política do ECA como um "jovem adulto" que, desde sua criação em 1990, desafia um sistema histórico marcado por estigmas e violações. "O ECA é um menino que chegou num sistema enraizado, com vícios políticos, culturais e sociais. Ele nos convida a colocar crianças e adolescentes no centro das políticas públicas", afirmou.

Para Vanessa, a caminhada do ECA é uma verdadeira travessia, que precisa ser sustentada por um verbo que ela escolheu enfatizar: "esperançar". Esse verbo, segundo ela, não é romântico nem passivo, mas ativo e transformador: “É dar as mãos, caminhar, provocar o sistema e cutucar onde ainda há inércia. Esperançar é um movimento, é resistência.”

Fernanda Ariele, pedagoga e coordenadora pedagógica nacional da Fundação Fé e Alegria Brasil, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Montes Claros (MG), partilhou da mesma visão. “O ECA representa uma virada de chave histórica. Passamos a reconhecer crianças e adolescentes como sujeitos de direito, não mais como objetos de tutela”, explicou.

Para ela, a existência de instrumentos como os Conselhos Tutelares e os Conselhos de Direitos são avanços concretos que o Estatuto proporcionou, mas ainda insuficientes diante das desigualdades persistentes. "Não podemos romantizar: há muito o que fazer. Mas também não podemos ignorar os passos dados."

Um dos momentos mais impactantes do programa foi a memória dos casos de violação de direitos que marcaram a opinião pública e revelaram as falhas estruturais na proteção das infâncias. Vanessa lembrou do caso Bernardo, assassinado após sofrer maus-tratos, como um alerta constante: "Até quando vamos precisar ver uma criança morrer para que medidas efetivas sejam tomadas?"

Alan, mediador do programa, recordou que o cuidado com a infância também atravessa outras realidades, como a das crianças migrantes. "A prioridade absoluta precisa ser agora. O ECA nos chama à urgência. Não é para depois."

Com uma escuta sensível, o programa não apenas celebrou os 35 anos do ECA, mas denunciou as omissões e renovou o compromisso coletivo com o futuro. "Criança não é miniatura de gente. É gente inteira, com direitos inteiros", frisou Fernanda, lembrando que a Constituição Federal garante prioridade absoluta às crianças e adolescentes.

O programa Em Diálogo reafirma a missão da Companhia de Jesus em promover a justiça socioambiental, a educação integral e o cuidado com os mais vulneráveis, em sintonia com os valores do Evangelho e das Preferências Apostólicas Universais.

Disponibilizado na íntegra, o programa está acessível no canal da Rádio Amar e Servir para quem deseja escutar, refletir e se comprometer com a causa da infância.

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