Cerca de 40 líderes pastorais, entre leigos, leigas, padres e também jovens ligados à Companhia de Jesus, participaram, entre os dias 14 e 16 de dezembro de 2025, de uma imersão formativa sobre mudanças climáticas, justiça socioambiental e prevenção de desastres. A iniciativa foi promovida pela Iniciativa Inter-Religiosa pelas Florestas Tropicais (IRI-Brasil), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Realizado nas sedes do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), o encontro teve caráter imersivo e experiencial, reunindo representantes de diversas expressões pastorais da Igreja no Brasil, com destaque para a presença de jovens da Rede Inaciana de Juventude – MAGIS Brasil e da Rádio Amar e Servir.
Participaram da experiência jovens vinculados ao Centro MAGIS Anchietanum (São Paulo), ao Centro MAGIS Burnier (Brasília), ao Espaço MAGIS BH (Belo Horizonte), além de dois integrantes da Rádio Amar e Servir, iniciativa de comunicação da Companhia de Jesus no Brasil. A presença juvenil reforçou a dimensão formativa, missionária e comunicacional da imersão, articulando fé, ciência e compromisso com a Casa Comum.
A proposta do encontro foi aproximar lideranças religiosas e jovens agentes pastorais do conhecimento científico sobre a crise climática, fortalecendo sua atuação como multiplicadores de consciência, prevenção e transformação em seus territórios e comunidades. A experiência dialoga diretamente com a espiritualidade inaciana, que convida a “sentir e saborear internamente” a realidade para melhor discernir caminhos de ação.
Durante a programação, os participantes dialogaram com pesquisadores que atuam na linha de frente do monitoramento climático no Brasil. Um dos destaques foi a contribuição do climatologista José A. Marengo, pesquisador do Cemaden e referência internacional em Ciências Ambientais, que alertou para o agravamento dos eventos extremos no país.
“Os eventos extremos que estamos vivendo no Brasil não são projeções futuras, são uma realidade presente. Negar a ciência hoje significa ampliar riscos, perdas humanas e sociais”, afirmou Marengo, ao destacar a relação entre desmatamento, aquecimento global e o aumento de desastres climáticos.
Marengo ressaltou ainda que o acesso à informação científica de qualidade é fundamental para orientar políticas públicas, ações de prevenção e estratégias de proteção das populações mais vulneráveis — um desafio que também interpela diretamente a ação pastoral e comunicacional da Igreja.
A dimensão educativa da prevenção de riscos foi aprofundada no diálogo com a Dra. Rachel Trajber, coordenadora geral do programa Cemaden Educação, que destacou a importância da formação de crianças, adolescentes e jovens na construção de uma cultura de cuidado e proteção da vida.
“Não existe transformação sem escuta. Trabalhamos ouvindo as crianças e envolvendo educadores e comunidades, porque é assim que se constrói uma cultura de prevenção, proteção e resposta à emergência climática”, afirmou.
Outro eixo central da imersão foi o papel da comunicação responsável diante da crise climática e do avanço do negacionismo. A participação da Rádio Amar e Servir reforçou a importância dos meios de comunicação comprometidos com a verdade, os valores da fé e a promoção da justiça socioambiental, especialmente no diálogo com as juventudes.
Ao final do encontro, lideranças e jovens assumiram o compromisso de traduzir o conhecimento científico em ações pastorais concretas, fortalecendo processos formativos, experiências comunitárias e iniciativas de comunicação que promovam o cuidado com a Casa Comum. A experiência reafirma o horizonte da ecologia integral, onde fé, ciência, juventude e comunicação caminham juntas a serviço da vida.
Em um contexto marcado pelo agravamento da crise climática e pela disseminação da desinformação, a iniciativa promovida pela ONU e pela CNBB, com a participação ativa de jovens da Companhia de Jesus, evidencia que o protagonismo juvenil é essencial para a construção de respostas esperançadas, éticas e transformadoras diante dos desafios climáticos do nosso tempo.
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