A Marcha Mundial pelo Clima ocupou neste sábado (15) as ruas de Belém com uma demonstração vibrante da diversidade cultural e social da Amazônia. Segundo os organizadores, mais de 70 mil pessoas participaram da manifestação, que percorreu aproximadamente 04,5 km — do Mercado de São Brás até a Aldeia Cabana — sob um sol de 35°C, simbolizando a urgência em torno da crise climática e a necessidade de decisões efetivas na COP30.
Organizada pela Cúpula dos Povos e pela COP das Baixadas, a marcha reuniu movimentos sociais de todos os continentes, povos tradicionais, comunidades paraenses e organizações que atuam pela justiça socioambiental. A Companhia de Jesus esteve presente com representantes de diferentes frentes missionárias e pastorais.

“Transição climática exige inclusão social”, afirma Pe. Antônio Tabosa, SJ
Entre os participantes, o Pe. Antônio Tabosa, SJ, coordenador do Centro de Cidadania e Ação Social (CCIAS) da Unisinos, destacou que a transição climática não pode se limitar a debates técnicos ou financeiros:
“Nós, jesuítas, estamos aqui participando da caminhada da Cúpula dos Povos para reafirmar que a transição climática depende da inclusão social e das necessidades de todos os povos e nações. Não podemos nos preocupar apenas com créditos de carbono ou com a temperatura da Terra, mas com a justiça e a dignidade das pessoas.
Estamos atentos às pautas desta COP30: o endividamento dos países do Sul Global, a agroecologia, a segurança alimentar e a urgência de uma transição justa e inclusiva. Que nossa presença seja solidária e comprometida com as necessidades das nações e com todo o esforço coletivo da Cúpula dos Povos.”

Juventude e a igreja presente pela mudança climática
A caminhada também reuniu jovens vocacionados da Companhia de Jesus. Gabriel Gomes Ferreira, que vive a experiência do Plano de Candidatos em Belém, destacou a força espiritual e social do encontro:
“Estamos vivendo um momento muito importante na COP30 e é uma alegria participar da Marcha Global pelo Clima. São muitos movimentos sociais, muita luta, o povo clamando pelos seus direitos. Fico feliz ao encontrar religiosos, bispos, a Igreja presente nesse espaço de luta e esperança. Isso me anima na vocação e no discernimento, porque seguir Jesus também é lutar pelo direito de todos.”
A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) também marcou presença. O irmão João Gutemberg Sampaio, religioso marista e secretário executivo da REPAM, ressaltou a missão e a capilaridade da rede
“A REPAM nasceu para cuidar da Amazônia, dos ecossistemas, das comunidades e dos direitos humanos. É bonito ver tantas pessoas caminhando com a bandeira da REPAM, porque ela conecta muita gente para além das nossas estruturas institucionais
A Amazônia é fonte de vida e equilíbrio para o planeta. Precisamos unir forças — Igreja, sociedade e organizações comprometidas — para garantir o cuidado socioambiental.”
A Marcha pelo Clima foi mais um momento emblemático da mobilização que toma conta de Belém durante a COP30, reunindo fé, luta, espiritualidade e compromisso com a defesa da Casa Comum.


