Olma promove debate sobre Direitos da Natureza na Zona Verde da COP30
Painel reuniu lideranças indígenas, especialistas e organizações socioambientais para discutir saberes tradicionais e políticas públicas
Por Felipe Moura
Publicado em 15/11/2025 12:55
COP 30

O Painel Direitos da Natureza: Gestão de Desastres e Emergências a partir de saberes originários reuniu lideranças, especialistas e representantes de organizações socioambientais na Sala Ateliê 02, na Zona Verde da COP30, em Belém (PA). A atividade foi organizada pela Articulação Brasileira pelos Direitos da Natureza, em parceria com a Rede Jesuíta de Justiça Socioambiental (RJSA), por meio do Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (Olma).

Convidado pela Secretaria de Participação Social da Presidência da República, o Olma integrou o painel trazendo reflexões sobre a relação entre os Direitos da Natureza, os saberes tradicionais e as políticas públicas de prevenção, desastres e emergências no Brasil.

Direitos da Natureza como fundamento de justiça socioambiental

O secretário-executivo do Olma, Luiz Felipe Lacerda, destacou que a atividade reuniu diversas organizações que compõem a Articulação Brasileira pelos Direitos da Natureza, incluindo entidades dentro e fora da Igreja, como a Cáritas e a Comissão Pastoral da Terra.

Segundo ele, o encontro permitiu ouvir lideranças indígenas sobre como os conhecimentos ancestrais sustentam a compreensão de que a natureza possui direitos próprios. O painel também contou com referências internacionais, que apresentaram o crescimento global do movimento pelos Direitos da Natureza.

Lacerda lembrou que o debate abordou experiências brasileiras marcadas por graves violações socioambientais — como Belo Monte, Brumadinho e Mariana — e refletiu sobre as recentes enchentes no Rio Grande do Sul.

“Quando os Direitos da Natureza não são respeitados, os Direitos Humanos também são afetados”, afirmou. Ele enfatizou ainda o desafio de dialogar com outros setores da sociedade, incluindo o setor empresarial, para ampliar a conscientização.

“A atividade foi cheia de gente, cheia de falas, muito rica. Estamos muito felizes com os resultados”, completou.

Espiritualidade e compromisso da Companhia de Jesus

O Pe. Jean Fabio Santana, SJ, secretário para a Promoção da Justiça Socioambiental da Província dos Jesuítas do Brasil, reforçou o compromisso da Companhia de Jesus com a agenda dos Direitos da Natureza.

Ele destacou que a própria tecnologia desenvolvida pelo ser humano tem origem na natureza:

“Ela é a fonte, a inspiração. Se não houver consciência de cuidado e respeito, destruiremos aquilo que é princípio e fundamento da nossa ação no mundo”, afirmou.

O jesuíta lembrou ainda que a defesa da criação está profundamente ligada à espiritualidade inaciana: “Santo Inácio nos ensina que todas as coisas foram criadas para ajudar o ser humano a cumprir sua vocação. Se a natureza não for respeitada, o ser humano também não alcançará o fim para o qual foi criado.”

Pe. Jean finalizou expressando orgulho pela presença da Companhia de Jesus e da Rede Jesuíta de Justiça Socioambiental na articulação dos Direitos da Natureza por meio do Olma.

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