Neste 1º de maio, Dia do Trabalhador, a Companhia de Jesus reforça seu compromisso com a promoção do trabalho digno como expressão da dignidade humana. Em entrevista à Rádio Amar e Servir, os jesuítas James Castro, SJ, e Gabriel Vilardi, SJ, refletiram sobre os sentidos mais profundos do trabalho na sociedade brasileira, marcada por desigualdades estruturais, informalidade e exclusão.
James Castro SJ, que vive em São Leopoldo (RS) e atua no Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados, lembrou que Jesus aprendeu o ofício de carpinteiro com José — exemplo de que o trabalho faz parte da vocação humana. “O trabalho é lugar de realização, de autonomia, e deve estar a serviço da transformação da sociedade. Podemos encontrar Deus no trabalho e colocar nossos dons a serviço dos irmãos e irmãs, construindo o Reino com justiça e dignidade”, afirmou.

O jesuíta Gabriel Vilardi, SJ em apostolado social/ Foto: Arquivo pessoal
Na mesma linha, Gabriel Vilardi, SJ, jesuíta, advogado e mestrando em Direito, destacou que a fé não pode estar dissociada do compromisso social. “O seguimento de Jesus é sempre encarnado. Vivemos em uma sociedade ferida pelo pecado da desigualdade, e o Evangelho nos chama a agir. O trabalho deve ser uma experiência de dignidade e não de opressão”, afirmou, citando a Congregação Geral 32 da Companhia de Jesus, que afirma: “o serviço da fé é inseparável da promoção da justiça”.
Para os jesuítas, o trabalho deve ir além do sustento individual. Ele é instrumento de transformação, de solidariedade e de compromisso com o bem comum. “Um professor que forma cidadãos, um médico que cuida dos mais pobres, um engenheiro que pensa no cuidado com a casa comum — todos podem, em sua profissão, promover a vida e a justiça”, exemplificou James.

James Castro, SJ participa do XI Dia Mundial de Oração contra o Tráfico de Pessoas. James da Esquerda para a direta é o último da foto./foto: Jesuítas Brasil
Gabriel reforçou que a espiritualidade inaciana nos convida a sair de nós mesmos e amar concretamente os outros. “Não é possível ser feliz sozinho. O trabalho é espaço de serviço e construção de uma sociedade mais fraterna, especialmente junto aos marginaDiante das novas configurações do mundo do trabalho — como a automação, o desemprego juvenil e a informalidade crescente —, os dois entrevistados afirmam que a missão jesuíta exige discernimento e profecia. “Devemos atuar em nossas obras e também incidir sobre políticas públicas que garantam direitos e proteção aos trabalhadores, sobretudo os mais vulneráveis”, disse James.
Para Gabriel, o compromisso com o Evangelho exige posicionamento firme contra qualquer forma de exploração: “Trabalho análogo à escravidão, tráfico de pessoas e retirada de direitos não podem ser normalizados. Como disse o Papa Francisco: terra, teto e trabalho são base de uma verdadeira paz social”.
Ao final da entrevista, fica o convite à esperança ativa: que o trabalho seja sempre espaço de comunhão, justiça e missão. A espiritualidade inaciana ensina que amar e servir, no mundo do trabalho, é colaborar com Deus na construção de uma sociedade reconciliada e justa para todos.
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