“O Filho de Deus jaz no sepulcro, mas a sua ‘ausência’ não é um vazio: é uma espera”. Foi o que afirmou o Papa Leão XIV na etapa de reflexões sobre a Páscoa de Jesus, que integra o ciclo de catequeses por ocasião do Jubileu da Esperança. Com os fiéis presentes na Praça São Pedro para a Audiência Geral desta quarta-feira, 17, o Santo Padre refletiu sobre o mistério do Sábado Santo.
Segundo o Pontífice, o Sábado Santo é o dia do “grande silêncio”, um silêncio prenhe de significado, como o ventre de uma mãe que segura o seu filho ainda não nascido, mas já vivo. Ele frisou que também é um dia de descanso. Segundo a lei judaica, nenhum trabalho deve ser feito no sétimo dia.
Saber parar
“O Filho também descansa não porque esteja cansado, mas porque concluiu a sua obra de salvação; não porque tenha desistido, mas porque amou plenamente”, explicou o Papa. “Lutamos para parar e descansar. Vivemos como se a vida nunca fosse suficiente. Apressamo-nos a produzir, a demonstrar, a não perder terreno. Mas o Evangelho ensina-nos que saber parar é um gesto de confiança que devemos aprender a fazer”.
Leão XIV sublinhou que no sepulcro, Jesus, a Palavra viva do Pai, silencia. Mas é precisamente neste silêncio que a vida nova começa a fermentar: “Deus não teme o passar do tempo, porque é também o Senhor da espera. Assim, mesmo o nosso tempo ‘inútil’, o das pausas, do vazio, dos momentos estéreis, pode tornar-se um ventre de ressurreição”.
Cada silêncio acolhido pode ser a premissa de uma nova Palavra, prosseguiu o Pontífice, e cada tempo suspenso pode tornar-se um tempo de graça se oferecido a Deus.
Deus trabalha no tempo lento da confiança
Com o Sábado Santo, destacou o Papa, “aprendemos que não nos devemos apressar a levantar: primeiro, devemos permanecer, abraçar o silêncio, deixar-nos abraçar pelo limite. Por vezes, procuramos respostas rápidas, soluções imediatas”.
O Santo Padre afirmou que Deus trabalha nas profundezas, no tempo lento da confiança. Deste modo, ele explicou que o sábado do sepultamento é o ventre do qual pode fluir a força de uma luz invencível, a da Páscoa.
“A esperança cristã não nasce no ruído, mas no silêncio de uma espera repleta de amor. Não é produto da euforia, mas de um abandono confiante. Quando parece que tudo está parado, lembremo-nos do Sábado Santo. Mesmo no túmulo, Deus está a preparar a maior surpresa. A verdadeira alegria nasce da espera vivida, da fé paciente, da esperança de que o que é vivido no amor, certamente ressurgirá para a vida eterna”, finalizou.