A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) participou, nesta segunda semana da COP30, do painel Educação para Sustentabilidade, realizado na Zona Azul, reforçando seu compromisso histórico com a ecologia integral, a transdisciplinaridade e a formação de lideranças para a ação climática. A universidade foi representada pelo professor Dr. Bernardo Baeta Neves Strassburg, do Departamento de Geografia e Meio Ambiente, coordenador do Centro de Ciência da Conservação e Sustentabilidade do Rio (CSRio/PUC-Rio) e fundador e diretor executivo do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS).
Em entrevista após o painel, o professor avaliou os rumos das negociações internacionais e destacou a relevância da produção acadêmica dentro dos espaços de decisão climática.
Expectativas para uma semana decisiva
Segundo Strassburg, a diplomacia brasileira adotou uma estratégia inteligente ao deslocar, na primeira semana, temas tradicionalmente travados — como financiamento climático, níveis de ambição e mapas de caminho. “Agora, nessa segunda semana, é hora que aqueles temas-chave voltam para a agenda final”, afirmou.
Ele ressaltou que as discussões sobre a transição global para longe dos combustíveis fósseis seguem como uma das maiores tensões da conferência, apesar do compromisso assumido há duas COPs. “Ficou meio em banho-maria nos últimos dois anos, e essa é a COP onde isso pode e deve voltar com mais força”, disse.
Strassburg reforçou ainda a centralidade da adaptação às mudanças climáticas, destacando o impacto direto sobre populações vulneráveis. Para ele, políticas de adaptação são uma responsabilidade ética e devem avançar especialmente no campo do financiamento.
Entraves e caminhos possíveis
Ao analisar os gargalos da COP30, o professor apontou que a exigência de consenso entre todos os países continua sendo um desafio para decisões estruturantes — especialmente no que diz respeito à transição energética. “É uma temática muito sensível para países altamente produtores de petróleo”, afirmou.
Apesar disso, ele observa com otimismo o fortalecimento de acordos bilaterais e multilaterais paralelos ao processo oficial. “Essa é a nossa maior esperança nas próximas décadas: buscar o consenso no que for possível, mas sem travar a colaboração internacional.”
PUC-Rio e a ecologia integral no centro do debate

Questionado sobre a presença recorde da Igreja Católica na COP30 — com cardeais, bispos e centenas de religiosos debatendo a partir da perspectiva da ecologia integral — Strassburg destacou a sintonia desse movimento com a atuação da PUC-Rio.
“A PUC-Rio abraçou desde o início a Laudato Si’ como algo absolutamente central em sua missão”, afirmou. Ele destacou o Projeto Amazonizar, iniciativa transversal que envolve todos os departamentos e centros da universidade, estimulando uma abordagem verdadeiramente transdisciplinar para enfrentar desafios socioambientais.
Para o professor, a universidade vem se consolidando como referência nacional em coerência institucional e implementação de ações concretas. “A PUC lidera isso entre todas as universidades brasileiras que acompanho”, disse. “Ficamos muito felizes de fazer parte e ver o impacto que a universidade está tendo aqui.”
A participação da PUC-Rio na COP30 reforça o papel estratégico das instituições de ensino superior na produção de conhecimento, na articulação entre ciência e políticas públicas e na construção de respostas globais para a crise climática.