A Igreja Católica promoveu, em 12 de novembro, o Simpósio Internacional – Igreja Católica na COP30, durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Belém (PA). O encontro reuniu lideranças eclesiais e parceiros de diferentes regiões do mundo para refletir sobre ecologia integral, justiça climática e conversão ecológica.
Organizado pela Articulação Brasileira para a COP30, o simpósio apresentou as perspectivas da Igreja frente à crise climática global. Um vídeo de abertura recuperou o processo de preparação da Igreja para o evento, incluindo as pré-COPs regionais e a entrega de um documento ao Papa Leão XIV com as propostas da Igreja do Sul Global — Ásia, América Latina e Oceania — sobre o enfrentamento da emergência climática.
Bênção e apelos pela conversão ecológica
A cerimônia começou com a bênção de Nossa Senhora de Nazaré, conduzida pelo arcebispo de Belém, dom Júlio Akamini, que acolheu os participantes “no coração do bioma amazônico e na casa do Círio de Nazaré”.
O núncio apostólico no Brasil, dom Giambattista Diquattro, destacou que “toda injustiça contra a terra é também uma injustiça contra o ser humano”, reforçando o chamado do Papa Francisco à conversão ecológica e à responsabilidade comum pelo cuidado da criação.
O cardeal Jaime Spengler, presidente da CNBB e do Celam, afirmou que “é preciso colocar o cuidado da vida no centro das decisões” e que a crise ambiental exige mais que soluções técnicas — pede uma mudança de mentalidade e de relação com o planeta.
Perspectiva global
Lideranças de outros continentes trouxeram suas experiências e desafios. O cardeal Felipi Neri (Ásia) denunciou os impactos do extrativismo do Norte Global e defendeu uma transição energética centrada nos pobres. O cardeal Fridolin Ambongo (África) alertou para os conflitos causados pela exploração mineral e reforçou que “o ser humano deve estar no centro de uma nova economia”. Já o bispo Ryan Rimenes (Pacífico) relatou o risco de submersão de ilhas e os impactos da mineração em águas profundas, pedindo solidariedade global.
Caminhada dos Mártires da Casa Comum
Ao final do simpósio, os participantes seguiram em Caminhada pelos Mártires da Casa Comum, da Praça Santuário de Nazaré até a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, em um gesto público de fé e compromisso com o cuidado da criação.
Durante a caminhada, jesuítas da campanha Jesuítas pela Justiça Climática: Fé em Ação na COP30 estiveram presentes, testemunhando o engajamento da Companhia de Jesus na defesa da Casa Comum e na promoção da justiça socioambiental.

O Pe. Jean Fabio Santana, SJ, secretário para a Promoção da Justiça Socioambiental da Província dos Jesuítas do Brasil, destacou:
“É muito importante estarmos como Igreja neste momento em que o mundo busca respostas para a questão ecológica. Nós também somos natureza, criaturas de Deus. Para que tudo continue bom, precisamos cuidar e lutar juntos pela saúde da criação.”
Diego Aguiar, da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e da Economia de Francisco e Clara, lembrou que “a crise ambiental não está dissociada das crises humanas” e que promover a Ecologia Integral é também promover esperança.
Para Luciano Machado, da Pastoral de Ecologia Integral, o encontro reafirmou o papel da Igreja no enfrentamento à crise climática: “O simpósio foi muito positivo. Ouvimos manifestações de cardeais do mundo inteiro sobre o risco que a humanidade enfrenta. A esperança é fundamental — e a nossa contribuição como cristãos ainda é possível.”
A programação encerrou-se com a celebração eucarística presidida pelo cardeal Jaime Spengler, na Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, coroando um dia de diálogo, oração e compromisso pela Casa Comum.

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