Jesuítas reforçam apelos por justiça climática em coletiva na COP30
Após entregar carta ao presidente da COP30, Companhia de Jesus apresenta demandas urgentes para proteger comunidades vulneráveis e fortalecer mecanismos climáticos
Por Felipe Moura
Publicado em 21/11/2025 20:16
COP 30
FOTO: Felipe Moura

Belém (PA) — A campanha Jesuítas pela Justiça Climática: Fé em Ação na COP30 realizou, no dia 21 de novembro, uma coletiva de imprensa na Zona Azul da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), destacando a urgência de ações concretas diante da crise climática global.

O encontro foi motivado pela entrega, no dia 20, de uma carta ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, por meio do reitor da PUC-Rio, Pe. Anderson Pedro, S.J. No documento, a Companhia de Jesus apresentou três chamadas urgentes: estabelecer mecanismos previsíveis no Programa de Trabalho de Transição Justa, fortalecer o Fundo de Perdas e Danos e promover reforma da Arquitetura Financeira Global, incluindo cancelamento de dívidas climáticas para países vulneráveis.

Daniela Alba, coordenadora de advocacia da Secretaria de Justiça Climática e Ecologia da Companhia de Jesus, abriu a coletiva destacando os impactos desproporcionais das mudanças climáticas sobre os mais vulneráveis. “Esta COP deveria ser a COP dos povos, da verdade e da implementação. Mas, sem ambição e ação concreta, os efeitos da crise continuam a aumentar”, afirmou Alba.

O Pe. Roberto Jaramillo, S.J., secretário da Secretaria de Justiça Social e Ecologia, apresentou as quatro prioridades da Companhia de Jesus: cancelamento da dívida climática, operacionalização do Fundo de Perdas e Danos, promoção de uma transição energética justa e apoio a sistemas alimentares sustentáveis. Ele enfatizou a importância de alianças globais e do acompanhamento das decisões da COP30 para que estas prioridades se tornem realidade.

Cristóbal Emilfork, jesuíta chileno atuante na interface entre ciência e política climática, destacou a convergência entre fé e ciência. “A ciência nos alerta sobre a urgência da ação, e a fé nos convoca à responsabilidade moral. Devemos agir agora para proteger os mais vulneráveis e a biodiversidade”, afirmou.  

Colm Fahy, da equipe de Ecologia do Serviço Jesuíta Europeu para a Acção Social (JESC), com foco em advocacia, reforçou a necessidade de transformar diálogos em mecanismos concretos. “O Programa de Trabalho de Transição Justa precisa se tornar um mecanismo previsível de apoio financeiro para as comunidades mais vulneráveis, incluindo os mineradores artesanais no sul global, cujas vidas e trabalho são essenciais para a transição energética”, afirmou. Patricia Tahirindray, coordenadora do Programa Centro Arrupe em Madagascar, reforçou a importância de vincular finanças climáticas a dignidade humana e equidade, lembrando que muitos países ainda destinam recursos ao pagamento de dívidas em vez de proteger suas populações.

 

Ao final, a delegação incentivou engajamento por meio do site www.ecojesuite.com e do podcast Fé e Ecologia, com recursos educativos em quatro idiomas. “Não fazemos nada sozinhos. Tudo é fruto de ação conjunta”, concluiu Daniela Alba.

A coletiva evidencia o compromisso da Companhia de Jesus em ser uma voz global das comunidades vulneráveis, reforçando que decisões da COP30 precisam avançar para justiça climática efetiva e medidas concretas para proteger a Casa Comum.

 

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