Presidente da COP30 faz apelo por consenso global em momento decisivo das negociações
André Corrêa do Lago destaca força do multilateralismo e agradece solidariedade após incêndio em pavilhão do evento
Por Felipe Moura
Publicado em 21/11/2025 15:19
COP 30
21.11.2025 - Belém - Presidente da COP 30 André Corrêa do Lago e Marina Silva, durante reunião plenária na 30ª Conferência das Partes (COP30). Foto de Raimundo Pacco/COP30

Enquanto a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) entra em sua fase final, o presidente do evento, André Corrêa do Lago, fez nesta sexta-feira (21) um apelo direto para que os países alcancem um consenso “pelo bem comum do planeta”. Segundo ele, este é o momento de reafirmar a cooperação internacional e superar a lógica de vitórias e derrotas que muitas vezes marca as negociações climáticas.

Corrêa do Lago ressaltou que construir acordos globais é um processo complexo, mas indispensável. “Sabemos o quanto há de obstáculos para colocar palavras em prática e como é muito difícil chegar a consensos. Mas nós nunca podemos esquecer que o mesmo consenso que às vezes nos exaspera — analistas, delegados, tantas pessoas — fortalece este regime. Temos que mostrar que esta é a COP em que consenso é força”, afirmou.

O presidente da COP30 também alertou para o risco de divisões dentro do regime do Acordo de Paris e enfatizou que a presidência brasileira tem buscado reduzir tensões por meio de transparência e diálogo. “Essa noção de divisão nós tentamos reduzir durante esta negociação, com transparência e soluções verdadeiras que vêm das delegações”, completou.

Três objetivos centrais devem ser alcançados

De acordo com o embaixador, a COP30 está prestes a atingir três metas consideradas prioritárias pela presidência brasileira: o fortalecimento do multilateralismo, a conexão dos debates climáticos com a vida das pessoas e a aceleração da implementação do Acordo de Paris — cujo objetivo é reduzir as emissões de gases do efeito estufa e limitar o aquecimento global a 01,5°C.

Corrêa do Lago também destacou a importância simbólica e política de realizar o evento em Belém, no coração da Amazônia. “Ao organizar esta COP na Amazônia, o presidente Lula quis que o mundo visse não apenas a beleza forte desse bioma incrível, mas também os desafios que nós temos que desenvolver”, afirmou. Ele acrescentou acreditar que a conferência contribuiu para transformar a percepção global sobre a relação entre natureza e clima.

Após incêndio, mensagem de união

O presidente da COP30 ainda lembrou o incêndio que atingiu parte dos pavilhões na Zona Sul do evento na quinta-feira (20). Durante a plenária informal, Corrêa do Lago disse que, apesar do impacto negativo, o episódio revelou um forte senso de solidariedade entre equipes, delegados e organizações presentes em Belém.

“Estamos aqui juntos depois do fogo. Isso foi rapidamente controlado e contido. Isso nos lembrou da nossa vulnerabilidade compartilhada e de como instintivamente agimos juntos em momentos de crise”, afirmou. Ele agradeceu as mensagens de apoio recebidas após o incidente, muitas delas, segundo ele, “fortes, amigáveis e sensíveis”.

 

Com os últimos textos ainda em negociação, o apelo do presidente busca orientar as delegações a concluírem a conferência com um sinal claro de compromisso coletivo diante da emergência climática.

 

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