A terça-feira, 18 de novembro, foi marcada por uma série de anúncios e articulações que destacaram a urgência e a potência da ação climática baseada na natureza. Agora, nesta quarta-feira (19 de novembro), os efeitos desse movimento ganham ainda mais visibilidade, com novas conexões e compromissos sendo analisados pelos participantes da COP30.
A agenda do dia anterior trouxe avanços significativos na integração entre oceanos, florestas, comunidades tradicionais, juventudes e pequenas empresas — uma convergência que reforça o papel dos ecossistemas vitais na aceleração da implementação climática.
Logo no início do dia, 17 países aderiram ao Desafio Azul NDC, comprometendo-se a incluir soluções baseadas no oceano em seus planos climáticos nacionais. A iniciativa foi acompanhada pelo lançamento de uma rede global de Paisagens Marinhas Regenerativas, projetada para mobilizar USD 20 bilhões até 2030 e gerar 20 milhões de empregos, consolidando a transição para uma Economia Azul Regenerativa.
Ferramentas de monitoramento também foram apresentadas para ampliar transparência e responsabilização, como o Painel de Implementação das Soluções Oceânicas e o kit de ferramentas de Biodiversidade Marinha e Saúde do Oceano.
A coordenadora-geral da Agenda de Ação da Presidência, Bruna Cerqueira, destacou a convergência dessas iniciativas:
“No mundo real, precisamos de um conjunto de soluções. Em todos os seis pilares, temos mais de 114 planos que se unem para entregar resultados.”
Natureza no centro da implementação
A terça-feira reforçou ainda a importância de ecossistemas-chave. O Mangrove Breakthrough avançou na mobilização de até USD 4 bilhões para proteção de manguezais. O Saltmarsh Breakthrough apresentou metas para proteger 500.000 hectares até 2030. Já o Peatland Breakthrough deu aos governos e investidores um roteiro comum para restaurar turfeiras com alta integridade ambiental.
PMEs e inovação climática ganham protagonismo
As pequenas e médias empresas — essenciais para a economia global — dominaram parte das discussões. A campanha “Climate-Proofing SMEs” já apoiou cerca de 90 milhões de PMEs com ferramentas de redução de emissões e resiliência. Grandes empresas como IKEA, Natura e Tech Mahindra estão engajadas em cadeias de suprimento mais limpas, reduzindo emissões de Escopo 3, que representam cerca de 70% das pegadas corporativas.
Também foi lançado o Coletivo Sul-Sul para o Clima (S2C2), que pretende apoiar 05.000 startups climáticas até 2030 e mobilizar USD 220 milhões em financiamento até 2027.
Alinhamento histórico entre as três Convenções do Rio
Um marco simbólico ocorreu quando as presidências atuais e futuras das três Convenções do Rio anunciaram uma declaração conjunta comprometendo-se com ações sinérgicas entre clima, biodiversidade e terra — reforçando o legado brasileiro como berço desses tratados há mais de 30 anos.
Aliança global impulsiona adaptação
Outro destaque foi o lançamento da Aliança de Implementação do Plano de Adaptação Nacional (PAN), que reúne governos, bancos multilaterais, investidores privados e instituições técnicas para fortalecer a formulação e implementação de PANs. Para Alice Amorim, diretora de programas da COP30, o objetivo é claro:
“Os planos de adaptação precisam se tornar instrumentos usados por instituições financeiras para impulsionar ação no terreno.”
Ética, juventude e comunidades tradicionais na Mobilização Global
Em uma sessão de alto nível, lideranças como Marina Silva, Mary Robinson e Michelle Bachelet participaram do lançamento do Relatório Global do Balanço Ético (GES), que reúne recomendações sobre ética, justiça e cultura para acelerar o Acordo de Paris.
O Dia da Criança e da Juventude elevou vozes jovens na Zona Azul e trouxe debates sobre raça, gênero, território e deficiência na Zona Verde, sob liderança da jovem campeã do clima Marcele Oliveira.
Ao mesmo tempo, lideranças indígenas e de comunidades tradicionais conduziram diálogos sobre energia renovável, proteção territorial, justiça climática e bioeconomia no Círculo dos Povos.
O que esperar do dia 10
Com a consolidação dos resultados do dia anterior, esta quarta-feira (19 de novembro) volta-se agora a temas como:
- Agricultura e sistemas alimentares
- Pesca e agricultura familiar
- Mulheres e gênero
- Turismo sustentável
A programação inclui eventos de alto nível sobre agricultura resiliente (10:30), debates sobre o papel das mulheres na ação climática (09:30 e 12:30) e a sessão da Agenda de Ação Climática Global (15:00), dedicada a acelerar a implementação.