COP30 reforça ação integrada por oceanos, florestas e comunidades em dia dedicado a ecossistemas vitais
No nono dia da COP30, iniciativas globais fortaleceram a proteção de ecossistemas essenciais e mostraram como compromissos climáticos estão sendo convertidos em implementação concreta
Por Felipe Moura
Publicado em 19/11/2025 10:51
COP 30
Belém PA - 18.11.2025- COP30 Belém Amazônia (DAY 09) - High-Level Ministerial Event: From Ambition to Implementation: Delivering Ocean Commitments. Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR

A terça-feira, 18 de novembro, foi marcada por uma série de anúncios e articulações que destacaram a urgência e a potência da ação climática baseada na natureza. Agora, nesta quarta-feira (19 de novembro), os efeitos desse movimento ganham ainda mais visibilidade, com novas conexões e compromissos sendo analisados pelos participantes da COP30.

A agenda do dia anterior trouxe avanços significativos na integração entre oceanos, florestas, comunidades tradicionais, juventudes e pequenas empresas — uma convergência que reforça o papel dos ecossistemas vitais na aceleração da implementação climática.

Logo no início do dia, 17 países aderiram ao Desafio Azul NDC, comprometendo-se a incluir soluções baseadas no oceano em seus planos climáticos nacionais. A iniciativa foi acompanhada pelo lançamento de uma rede global de Paisagens Marinhas Regenerativas, projetada para mobilizar USD 20 bilhões até 2030 e gerar 20 milhões de empregos, consolidando a transição para uma Economia Azul Regenerativa.

Ferramentas de monitoramento também foram apresentadas para ampliar transparência e responsabilização, como o Painel de Implementação das Soluções Oceânicas e o kit de ferramentas de Biodiversidade Marinha e Saúde do Oceano.

A coordenadora-geral da Agenda de Ação da Presidência, Bruna Cerqueira, destacou a convergência dessas iniciativas:

“No mundo real, precisamos de um conjunto de soluções. Em todos os seis pilares, temos mais de 114 planos que se unem para entregar resultados.”

Natureza no centro da implementação

A terça-feira reforçou ainda a importância de ecossistemas-chave. O Mangrove Breakthrough avançou na mobilização de até USD 4 bilhões para proteção de manguezais. O Saltmarsh Breakthrough apresentou metas para proteger 500.000 hectares até 2030. Já o Peatland Breakthrough deu aos governos e investidores um roteiro comum para restaurar turfeiras com alta integridade ambiental.

PMEs e inovação climática ganham protagonismo

As pequenas e médias empresas — essenciais para a economia global — dominaram parte das discussões. A campanha “Climate-Proofing SMEs” já apoiou cerca de 90 milhões de PMEs com ferramentas de redução de emissões e resiliência. Grandes empresas como IKEA, Natura e Tech Mahindra estão engajadas em cadeias de suprimento mais limpas, reduzindo emissões de Escopo 3, que representam cerca de 70% das pegadas corporativas.

Também foi lançado o Coletivo Sul-Sul para o Clima (S2C2), que pretende apoiar 05.000 startups climáticas até 2030 e mobilizar USD 220 milhões em financiamento até 2027.

Alinhamento histórico entre as três Convenções do Rio

Um marco simbólico ocorreu quando as presidências atuais e futuras das três Convenções do Rio anunciaram uma declaração conjunta comprometendo-se com ações sinérgicas entre clima, biodiversidade e terra — reforçando o legado brasileiro como berço desses tratados há mais de 30 anos.

Aliança global impulsiona adaptação

Outro destaque foi o lançamento da Aliança de Implementação do Plano de Adaptação Nacional (PAN), que reúne governos, bancos multilaterais, investidores privados e instituições técnicas para fortalecer a formulação e implementação de PANs. Para Alice Amorim, diretora de programas da COP30, o objetivo é claro:

“Os planos de adaptação precisam se tornar instrumentos usados por instituições financeiras para impulsionar ação no terreno.”

Ética, juventude e comunidades tradicionais na Mobilização Global

Em uma sessão de alto nível, lideranças como Marina Silva, Mary Robinson e Michelle Bachelet participaram do lançamento do Relatório Global do Balanço Ético (GES), que reúne recomendações sobre ética, justiça e cultura para acelerar o Acordo de Paris.

O Dia da Criança e da Juventude elevou vozes jovens na Zona Azul e trouxe debates sobre raça, gênero, território e deficiência na Zona Verde, sob liderança da jovem campeã do clima Marcele Oliveira.

Ao mesmo tempo, lideranças indígenas e de comunidades tradicionais conduziram diálogos sobre energia renovável, proteção territorial, justiça climática e bioeconomia no Círculo dos Povos.

O que esperar do dia 10

Com a consolidação dos resultados do dia anterior, esta quarta-feira (19 de novembro) volta-se agora a temas como:

  • Agricultura e sistemas alimentares
  • Pesca e agricultura familiar
  • Mulheres e gênero
  • Turismo sustentável

A programação inclui eventos de alto nível sobre agricultura resiliente (10:30), debates sobre o papel das mulheres na ação climática (09:30 e 12:30) e a sessão da Agenda de Ação Climática Global (15:00), dedicada a acelerar a implementação.

 

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